Apenas Dois Goles

20 de fev. de 2015

Apenas Dois Goles


Cicatrizes em um chão adormecido
As vinhas já não entorpecem o caminho
Gotas pela trilha bloqueiam os sentidos
A estrela no topo, apontando o destino

Pelas matas e rios andaste longe
Foi parar onde nenhum homem pisou
E para que? Ele viu? 
Apenas um verme comum 

Trouxe as amoras da colheita 
Não teve muito desta vez, 
Apenas uma dúzia, dois copos 
Mas esta está saborosa 

Eu deveria colher as minhas
Já estão apodrecendo, 
Mas surgem novamente, 
Não importa o meu solo.

Então manterei.
Assim como as vinhas que fazem meu dia
Passar para minha adega, e esperar
Esperar outro ser, outra noite, outro vinho

Deste cálice não tomarei mais
Ela aqui deslizou seus lábios
Mas quem é ela? Dramático 
Despiu-se, observou, não colocou novamente 

Meu senhor morreu, 
Cuidarei das vinhas, elas agora me pertencem 
Sim, tenho propriedade 
Não sou inútil 

Tomei mais um gole
Ela parava de chorar
Olhei nos seus olhos
Me via atrás deles

Mas era reflexo, eu não pertencia aquele lugar
Fugi, de mim mesmo, para longe
Um lugar onde eu não me encontraria
Mas ela me achou, me reencontrei

Soul Mirror

9 de fev. de 2015

Sentado no canto, sem apreciar
Dois goles, talvez seja suficiente
Esperava pela minha sentença 
O bar já estava vazio há tempos

A porta abriu 
Um vento frio junto a neve entrou
E uma moça, 
Sentou, do outro lado, e apreciou 

Não era diferente de mim
Tomou os dois goles
E ficou sentada

Nunca conversamos
Sempre chegávamos juntos
Os dois goles
E íamos embora

Acho que não poderia conhecê-la 
Estávamos prontos
Iríamos quebrar